viernes, 30 de abril de 2010

Primeiras Impressoes

Alguém já havia me dito que a Cidade do México é uma São Paulo que fala espanhol. À primeira vista, de fato. Contudo, há que se ter um olhar atento para que se perceba um pouco mais que as meras impressões de turista apressado. Aliás, generalizar dessa forma é um perigo tão grande quanto dizer que chineses se parecem com japoneses ou achar que todos os sul-africanos são negros.

Entao fui andar pelo centro histórico da cidade e ver de perto a diversidade local. Chamam a praca central – que oficialmente tem o nome de Plaza de la Constituición – de El Zócalo, que significa “a base”. Infelizmente a praca tava cercada porque estavam preparando algo para o dia seguinte; também as ruínas do Templo Maior (antigo centro religioso Asteca sobre o qual os espanhóis ergueram a Catedral Metropolitana) estava fechado para visitacao. Ou seja, terei que voltar outro dia. Entretanto deu pra ver algumas dancas nativas, o Palacio de Bellas Artes e sacar um pouco da diversidade local.

Voltanto à comparacao Sampa-Mexico, em população, acredito que se possa dizer que as duas cidades são equivalentes e talvez na maneira desordenada que cresceram seja possível traçar outra semelhança. Mas enquanto que São Paulo me parece deliberadamente cinza, sempre sisuda e nublada, a Cidade do México trava um constante combate do cinéreo contra o colorido: aqui e ali brotam bosques e parques e em todas as ruas há prédios que desafiam a sobriedade com suas fachadas de mosaicos reluzidos por um sol constante. Além disso em contraste com a garoa paulistana, aqui o ar é seco e rarefeito devido aos 2400 metros de altitude.

Mas mesmo nas questões menos poéticas, grandes diferenças podem ser percebidas. Por exemplo, os 61km de metrô de Sao Paulo estao, há muito tempo, aquém da sua necessidade; aqui há um sistema com mais de 200km o que, ainda assim, não resolve o problema da superlotação. Comer aqui também é muito mais em conta: uma refeição normal sai por – chutando alto – mais de 50 pesos (uns R$ 7); em contraponto, artigos como livros e eletrônicos tem preco mais elevado, comparativamente.

Outro caso a parte são as pessoas. Se na São Paulo da diversidade vemos toda sorte de biótipos, aqui é difícil de ver alguém que não tenha o cabelo preto e pelo menos um traço dos povos prehispánicos. Além disso, a cordialidade impera soberana. Não que o brasileiro não seja educado, mas aqui o sorriso é mais solto e, sempre que podem, encaixam um muchas gracias ou con permiso pra qualquer coisinha, coisas que já estamos esquecendo um pouco.

Enfim, não quero dizer que já a primeira vista aqui é melhor, tampouco pior: é diferente. E como a maioria dos centros culturais mundiais, me parece um lugar digno não só de uma visita rápida, mas de uma estadia por tempo suficiente pra que se possa perceber suas sutilezas. Em suma, até agora estou gostando muito pois, como eles mesmos dizem, “como México no hay dos”.

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