domingo, 30 de mayo de 2010

Xochimilco

Outro ponto de passagem obrigatória pra quem está na Cidade do México é Xochimilco. O atrativo principal aí säo os passeios de trajinera (tipo uma gôndola só que para grupos maiores) através dos canais remanescentes do grande lago que antes havia aí, o que aliás é patrimônio da humanidade. O lance aqui é bem farofa: pegar a família toda, encher sacolas com mantimentos e passar a tarde navegando pelos canais ao som de mariachis.

Niñopa chega à igreja sobre um tapete de pétalas.


Chinelos dançam ao som da banda.


Sim, aquele boneco é o venerado Niñopa.


Saca só a estratégia pueril pra comer algodäo doce na faixa

Mas antes de chegar aos embarcaderos, demos a sorte de cruzar com uma procisäo local. Meu professor comentava ontem de algumas tradiçöes católicas locias e destacou a veneraçäo ao Niñopa como uma delas. Pois näo é que demos a sorte de ver exatamente a chegada dele à igreja do centro com todas as honrarias dignas do evento: banda marcial, chinelos dançando ao redor e uma fila enorme de gente pra beijar os pés da imagem.

A indicaçäo é ir sempre em grupos grandes, pois o aluguel do barco näo é por pessoa, mas por hora. Entäo pra curtir como se deve, fui com uma galera muito bacana do CouchCurfing, munidos de ceva e violäo!!





viernes, 28 de mayo de 2010

O Dia Em Que Vi Um Cavaleiro Inglês

Prólogo. Ir a concertos de rock sempre foi um dos meus programas preferidos. Imagina entäo meu estado de nervos quando tomei conhecimento que um Beatle passaria pela Cidade do México: näo só era algo que eu queria muito ver, mas quase uma quase obrigaçäo moral comparecer a um evento dessa magnitude...

Mês M. Fiquei sabendo que Sir Paul Mccartney passaria por essas bandas logo depois que cheguei no México - o que amanhä completará um mês - por acaso quando reparei num cartaz já quase encoberto por outros no mural da universidade. Claro que já nao havia mais ingressos fazia tempo, tanto que foi organizada uma segunda apresentaçao, que também esgotou em questao de horas. O jeito foi apelar pro comercio informal. Depois de muito pesquisar e correr pra encontrar uma opçao que coubesse no meu mais que restrito orçamento, consegui um assento numa arquibancada numerada um pouco distante do palco, mas pelo razoável preço de 800 pesos (pouco mais de R$ 100), mais que o dobro do valor de face. Pelo menos meu lugar 'tava garantido.

Dia D. Fiz a bobagem de ir ver o Jardim Botânico da Unam, o que até teria sido um programa legal se näo terminasse por eu me perdendo no tal parque e tendo que caminhar quase meia hora na chuva até achar a saída. Enxarcado e já um pouco atrasado, fui em direçäo ao Foro Sol já um pouco preocupado pela distância - o local era longe do centro - e pela hora - rush hour de uma sexta-feira numa das maiores capitais do mundo. Ao sair do metrô, o desespero! Sabia que levaria certo tempo pra chegar até o estádio, mas näo contava com tamanho caos. Auxiliado por um senhor e sua esposa, enfim encontrei meu caminho e, pra compensar a bagunça da primeira impressäo, na chegada do estádio uma organizaçao que deixaria muitos eventos europeus no chinelo. Meia hora antes do início, Chegada, Ola, ceva

Hora H. McCartney adentrou o palco já ovacionado, ao molho castelhano: "olééé olé olé olééééé, Sir Poll, Sir Poll". Afinal, chegar aos 67 sendo um ídolo mundial näo é pra qualquer um. Confesso que näo conhecia as primeiras 2 ou 3 cançoes do show, que eram da sua carreira solo. Até que foi bom, pois eu näo conseguia prestar devida atençäo à nada: só tinha olhos pr'aquele lendário Hofner, ouvidos praquela voz singular e pensamentos pra "porra, é mesmo o cara!!". Assim como a maioria do público, estava ansioso era pra ter uma dose de Beatles, o que näo tardou: "Are you ready?? 'Cause we are!"; e logo vi garotas de 17 a vovós de 70 dando gritos histéricos ao som de "All my loving". A partir daí manteve essa alternancia entre músicas de ambas das grandes fases de sua carreira.

De fato, o meu assento näo estava num lugar que me agradava. De todos os concertos aos quais já fui, este era o em que eu estava mais distante do palco. O problema nem era tanto pela questäo visual, já que dois enormes telöes resolviam essa parte, mas a distância me deixou à mercê do vento que ora batia forte e levava o som para o outro lado do estádio, o que afortunadamente se amenizou nos primeiro minutos do show. Só a essa distância entendi uma expressäo que minha mäe sempre dizia: pela grande tela näo via sua boca se mover atrás do microfone, mas eu o via cantar com sua cabeça balançando de um lado pro outro e pelas sombrancelhas sempre arqueadas. Paul McCarteney canta pelos olhos.

Mas se o lugar me parecia ruim até aquele momento, o que aconteceu a seguir veio pra compensar isso. Quando Paul começou a tocar "1985", todo o estádio passou a luzir no ritmo da música. O som, que chegava a cada parte do lugar a um momento distinto em funçao de sua velocidade, fazia com que as luzes piscassem numa onda sincronizada, um espetáculo único. Täo singular que o próprio anfitriäo se sentiu na obrigaçao de saudar o público dizendo "this thing you guys do is really great. There's nowhere en todo el mundo. Gracias por las luzes!". Tanto gostou que chegou a fazer, logo após, um improviso só pra que os chilangos mostrassem uma vez mais seu talento único.

O show era hipnotizante, por vezes parecia que o mundo inteiro parava pra fazer parte. De fato, quando as primeiras notas de "And I Love Her" ecoaram, até o vendedor de cerveja que subia freneticamente a escada ao meu lado subitamente parou, ajeitou sua bandeja no chäo e se pôs a admirar o músico que, por certo, tantas vezes o embalou e a seu par. Logo em seguida, acompanhado apenas de seu violäo, Paul passou a contar que a música que viria a seguir foi inspirada numa das poucas peças eruditas de Bach que sabia, mesmo que parcialmente, e entäo deu os primeiros acordes da minha preferida: "Blackbird". Näo me consideraria homem se näo tivesse a coragem pra dizer que meus olhos se inundaram nessa hora.

Näo faltaram homenagens aos outros Beatles, o que ocorreu especialmente em três momentos. Os dois primeiros foram claramente anunciados: a emocionante "Here Today" para Lennon e uma linda versäo de "Something" para Harrison. O terceiro veio sem aviso e tomou de assalto a platéia durante um medley que acabou em "Give Peace A Chance". Às milhares de vozes em coro se somou a chuva que por fim veio fazer parte do espetáculo como que abençoando aquele pedido pela paz. E ela, a chuva, gostou tanto de participar que näo quis mais ir embora, o que ao invés de diminuir o ânimo do público só o fez aumentar. A água foi tanta ao ponto de o vento näo conseguir mais suspender a grande bandeira mexicana hasteada ao lado do palco.

Inegavelmente, os grandes momentos da noite aconteceram com a execuçäo dos clássicos: "Eleanor Rigby", "I've Got a Feeling", "Paperback Writer", "Let It Be"; mas a noite ainda guardava sua hora apoteótica para "Live and Let Die" que veio salpicada de fogos de artifìcio. Me impressionou a humildade de um cara que tem tudo pra se achar a última bolachinha do pacote ao se dirigir ao público sempre na primeira pessoa do plural e ao näo poupar elogios e agradecimentos às equipes de som, luz e ao público, atitudes insólitas em um mundo musical cada vez mais egocêntrico.

Encerrou o setlist com a unânime "Hey Jude", mas sabendo que o público näo se saciaria facilmente, Paul voltou ao palco ainda duas vezes pra tocar nada menos que "Day Tripper", "Get Back", "Yesterday", "Helter Skelter" e fechar a conta com "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (reprise)". No total, foram quase 3 horas de show que levaram quase 60 mil pessoas a muitos lugares, épocas e sentimentos diferentes. Pronto, agora eu näo terei mais dúvidas quanto me perguntarem qual meu beatle preferido.

Epílogo. Depois do show, queria uma lembrança da noite histórica. Na loja oficial, camisetas esgotadas e posters por preços proibitivos. Fui conferir entäo as dezenas (quiçá centenas) de bancas "alternativas". A diversidade de produtos e opçöes era sem igual, um verdadeiro magazine!! Depois, o desafio pra voltar pra casa. Já passava da meia noite quando o show terminou, mais de uma da madrugada quando enfim alcancei a rua. Lembre-se que o transporte público encerra à meia noite. Taxi? Mais de R$ 50! Ou seja, nem a pau! Depois de muito procurar e já quase resignado a pagar a corrida, consegui um micro-ônibus que me deixou relativamente perto de casa por 5 pila!!

PS: Espero em breve conseguir colocar os vídeos, que säo o melhor registro que tenho. infelizmente a internet aqui e o formato relativamente grande dos arquivos está sendo um obstáculo...

jueves, 27 de mayo de 2010

Juevebes

O fim de semana aqui começa na quinta-feira, dia em que quase todos os bares fazem promoçoes do tipo "dois por um" e localmente conhecido pelo trocadilho infame enunciado. É uma coisa já täo intrínseca à cultura que é quase oficial: tanto que chegar atrasado (mais que o de costume) num compromisso na sexta de manhä pode ser até passível de perdäo. Contudo, viver numa metrópole desse tamanho que tem níveis de violência preocupantes sem carro - lembrando que o transporte pùblico pára à meia-noite - é um desafio pr'aqueles que, como eu, gostam de sair pra conhecer a vida noturna local. Por esse motivo, até agora o mais próximo que havia chegado de um bar, antro (danceteria) ou qualquer coisa do gênero foi beber uma michelada numa feirinha de culinária ao cair da tarde. Tequila, entäo, nem cheiro... Já 'tava na hora de isso mudar!

Minha vontade coincidiu com um convite de alguns couchsurfers pra tomar umas chelas num barzinho conhecido do centro. Um lance curioso é que, em funçao da violencia e tal, a mulherada nao sai sozinha, entao o que mais se ve nos bares sao casais, mesmo que sejam so amigos. No mais, nada de especial no lugar, mas a bebida... Estava ávido pra um trago e pedi que me trouxessem uma tequila pra beber à moda mexicana. Me trouxeram um martelinho (aliás, o diminutivo é um pouco fora de funçäo, pois as doses aqui têm o dobro do tamanho), limäo e, ao invés do sal, outro copinho com sangrita, um suco de tomate apimentado. Já a "cerimônia" era como esperava: tomar tudo, rápido e na sequencia tradicional, mas sem esquecer do brinde: ¡arriba, abajo, al centro y para dentro!

martes, 25 de mayo de 2010

A Geografia do Insólito

Essa coisa de latinidade é realmente uma característica que nos une. Assim como aconteceria no Brasil, trocaram arbitrariamente o horário das minhas aulas. Resultado? Confito de horários! Eu estava escrito pra estudar Estratégias de Expressao Escrita dois dias por semana e numa oficina de Geografia do Insólito todas as terças. Com a colisao, optei pela coisa que mais me faz falta, ou seja, usar ativamente o idioma espanhol.

Mas hoje decidi ver o que estava perdendo e fui conferir uma aula da oficina. Uma coisa que me intrigou desde que vi as fotos da antiga Cidade do México era que se tratava de uma ilha lacustre, mas aqui nao há lago. Pelo contrario, sequer vi um rio por perto e os problemas de abastecimento de água sao frequentes. Pois nao é que a aula foi exatamente sobre este assunto? Em uma síntese da história da cidade, desde a chegada do méxicas até os tempo atuais, descobri que Tenochtitlan era como que uma Veneza artificial, um monte de ilhotas muito férteis criadas pelos índios no meio do Texcoco. Os espanóis fizeram da capital azteca a sua própria mas, depois de um tempo, encheram o saco de andar de barco pra chegar de um ponto a outro da cidade. Entáo decidiram desviar o rio que abastecia o lago e cobrir todos os canais. Claro que essa afronta à natureza foi uma tremenda burrice. As inundaçoes eram frequentes na época das chuvas e, embora hoje haja um colossal sistema de drenagem subterraneo, dizem que muitos pontos das cidade facilmente alagam e atualmente a terra esta literalmente afundando.

Mas além da história e geografia local, esta oficina aborda praticamente todas as coisas da cultura local que tenho interesse: a conturbada relacao com os americanos, luta livre, comida típica, touradas, gírias e todas as coisas estranhas que se pode encontrar numa cidade desse porte e com tamanhos contrantes. Acho que vou ter que rever as minhas prioridades...

domingo, 23 de mayo de 2010

Acapulco (parte 3)

Nunca fui muito de praia. Nem de barulho. No terceiro dia já 'tava meio de saco cheio, mas faltava ver o centro histórico e comprar bugigangas.

Zôcalo, o antigo centro.

Com um legítimo sombrero de charro

Como acabei com tempo sobrando, fui persuadido a visitar o museu local. Achei que seria uma grande perda de tempo, mas só pela vista já valeu a visita. O que hoje abriga o museu era antigamente um forte contruído no topo de um dos principais morros da cidade, o qual ainda mantém intactas a maior parte dos elementos da época das grandes navegaçoes: portoes de corrente como nos filmes, armas e canhoes usados em batalhas, instrumentos rudimentares de navegacao, etc. Além disso, o ar condicionado do lugar foi uma bênçao.


No caminho pra pegar o onibus ainda deu pra dar uma última olhada na praia e passar pelo parque da cidade. Faltou só ver o Chaves empurrando o Nhonho na piscina, isso fica pra próxima!

Olha a pichorra que fizeram pra mim no parque da cidade!!


sábado, 22 de mayo de 2010

Acapulco (parte 2)

Acordei com um intuito mais que certo: praia. Logo que cheguei, vi que minha preocupacao em comprar suprimentos no supermercado pra passar o dia nao fazia sentido pois oferecem todo tipo de coisas na beira do mar: cadeiras pra alugar, bebidas, bronzeadores, tacos, brinquedos, roupas, sorvete, massagens, frutas (incluindo manga com chile, blargh!!), artesanato, camarao, tudo!! Chega a ser chato, especialmente porque eu, com esse biotipo diferente dos nativos, sou um falso sinonimo de turista rico.

Eeeee, vidao...

Fácil de pegar jacaré.

Se dizem que é proporcional...

Contudo, o mar vale muito a pena! A praia é muito inclinada e com uma areia densa, o que faz com que as ondas - que chegam a ter um metro e meio - quebrem muito proximo da margem. Cair no mar é uma diversao sem igual!! E já que nao se pode vence-los, o lance é comprar uma ou outra coisinha dos ambulantes e puxar papo pra saber detalhes sobre os pontos turísticos locais; a primeira coisa sobre a qual todos falam é "la quebrada". O lance entao foi pegar um pesero e ir conferir de lá o por-do-sol.

Por falar em pesero, o transporte de Acapulco merece alguns comentarios. Peseros sao onibus pequenos (uns 20 lugares em media) velhos e particulares que existem também no D.F., mas os de Acapulco tem todo seu charme. Aqui, o lance é "tunar" o bicho: labaredas na carroceria, trovoes na pintura interna, insufilm, luz negra e uma sonzera pra deixar qualquer um surdo! Os taxis também merecem destaque: enquanto que em alguns lugares é difícil conseguir um quando se precisa, aqui o árduo é escapar de um dos milhares de fuscas da frota local, que cobram relativamente barato. Mas se tu quer passear da forma mais tradicional, o lance é andar com uma das carroças decoradas com baloes que trafegam pelo centro da cidade. Por fim, os onibus intermunicipais: nao existe uma estaçao rodoviária, ao invés disso, cada empresa tem seu terminal em um lugar diferente da cidade, imagine a confusao!


Mas voltemos à "la quebrada". Que os mexicanos nao tem muita noçao do perigo, todos sabem; mas existe um grupo de malucos que inventou essa moda de subir num penhasco pra saltar de uma altura de 45 metros. O lance é insano desde a escalada nas pedras pois os caras vao sem nenhum tipo de segurança ou assistencia, a náo ser pela proteçao da Lupita. Impossível nao ficar sem ar durante os 3 segundos de queda dos, assim chamados, clavadistas, que pode ser inclusive acompanhada por piruetas. Por sorte, cheguei lá a tempo de ver o espetáculo que ocorre 4 vezes ao dia: existe uma plataforma que chega bem perto da área de saltos, mas além de ter que pagar pelo acesso, a grande quantidade de turistas impedia que se tivesse uma boa visao, por isso acabei mirando apenas de longe. Mesmo assim, dá um medo do caralho.


Como era meu cumpleaños, pensava em comemorar, entao à noite fui ao centro e, quando, achei uma taqueria bacana, nao tive duvidas ao pedir uma tequilinha; afinal, ainda nao provei aqui a bebida nacional. Dá pra acreditar que nao tinha?!? Já meio desalentado, no momento que o músico local começa a tocar Menudo, me liga o Kaká - bebado e rico - diretamente do Tio Remi cercado de toda a galera. Bah, foi muito bom, mas também um balde d'água: vi que nao tinha muito como fazer festa estando os amigos a duas horas de fuso. Também preciso dizer que nao 'tava no espírito (talvez seja o peso dos 31 degraus), por isso peguei uma ceva e fui pra praia. Nada melhor que uma data como esta num lugar como este pra refletir sobre a vida.

viernes, 21 de mayo de 2010

Acapulco (parte I)

Cheguei ao México sem muitos planos definidos, mas alguns lugares queria ver desde sempre e um deles era a mundialmente famosa praia de Acapulco. Mas se essa história de nao ter planos ajuda um pouco pois diminui a pressao e o nivel de expectativa em relacao a algumas coisas, por outro lado pode trazer alguns problemas inesperados. Decidir coisas de ultima hora e fazer no joelho é uma parte da cultura brasileira que nunca me agradou, mas foi o que acabou acontecendo. Contudo, um ponto que pesou muito nisso nao foi a preguiça, mas a indecisao.

Acontece que desde que cheguei, tenho perguntado aos locais sobre coisas legais pra fazer e lugares pra visitar e o coro aqui é unanime: nao vá a Acapulco, é cheio de turistas, tudo muito caro e nem é tao bonito assim; meu professor disse que lá é tao cheio de chilangos que quase consideram uma delegaçao do DF!! Eu estava decidido a passar o meu aniversario numa praia mexicana, porém, depois de tanta propaganda contra, já estava deixando a idéia original de lado e pensando a ir para algum balneário do estado de Oaxaca como Puerto Escondido ou Puerto Angel, indicados por oito em cada dez pessoas.

Cheguei a tentar buscar conselhos em sites, mas nenhum me parecia imparcial; busquei precos de tarifas, mas os servicos de atendimento por telefone das empresas de transporte aqui simplesmente nao funcionam; mandei alguns requests para CSers, mas além de o projeto nao ser tao popular aqui, só tomei toco; fui procurar hostels baratos, mas poucos estao cadastrados nos portais internacionais. Enfim, tanta coisa me deixou tao confuso que por fim nao sabia de nada. Na manha de hoje acordei sem passagem, sem reserva e sequer destino certo. Fui para o terminal rodoviario mais perto de casa (existem tres principais aqui, outra coisa que ajuda a baguncar) para pegar o primeio onibus com um destino aceitável e preço razoável. Adivinha pra qual praia saia o próximo onibus que por acaso era a passagem mais barata que havia?? Sim, era o universo conspirando, a mao invisível, o Acaso, os deuses e a Formiga Atomica me mandando para Acapulco!! Liguei o "foda-se", esqueci dos conselhos e subi no busao com o cu na mao de me arrepender, mas fui.

Ainda no caminho, me dei conta de duas coisas importantissimas que havia esquecido: meu passaporte, ou seja, o único documento aceito por qualquer onde eu fosse me hospedar, e o cartao de memoria da minha camera, ou seja, fotos só de baixa definiçao ou do meu celular. Pronto, já 'tava começando a dar tudo errado... Cheguei na cidade e era um caos. Além disso, um cara com mochila nas costas, garrafa d'água na mao e com jeitao de gringo é alvo fácil para os vendedores e intermediadores locais. Eu devo ter batido o recorde mundial de "no, gracias" ditos por minuto. Consegui um lugar com internet onde fui procurar por uma última vez um lugar pra ficar, mas tudo estava lotado, aí fui andar pela zona hoteleira no intuito de achar um lugar barato no qual eu pudesse dar um "migué" pra me aceitarem mesmo sem identificaçao.

Nao demorou até um senhor me parar para oferecer hotel. Resumo da ópera, o quarto que originalmente era por 550 saiu por 200. Documento? No, no necesita... Perfeito, né? Aham, espera só pra ver a explicaçao: aceitei ficar num quarto que nao tinha ar condicionado, o que aquela hora da tarde nao parecia tao indispensavel. Imagine o que me esperava na noite: uma sauna! Sem falar na ausencia de agua quente pro banho... Mas antes disso, instalado e ávido por ver o Pacífico, me joguei para o mar.

A viagem que me tomou 6 horas do dia me deixou com apenas poucas horas de sol, entao deixei pra conferir as ondas de perto no dia seguinte e aproveitar o cair-do-sol pra uma caminhada pela beira da praia até o centro onde fui jantar. Geograficamente, Acapulco é como todas as principais cidades litoráneas mais jovens: uma avenida à beira-mar (a costera) de uma grande baía, outra avenida principal mais adentro e o centro onde as duas quase se encontram. Definitivamente, nao é um lugar pra relaxar: é tudo barulhento, luminoso e, infelizmente, sujo. Daí vem a grande quantidade de tentativas de dissuasao que sofri. Contudo, a praia é muito bonita e a cor do mar encanta.



domingo, 16 de mayo de 2010

Surfando Sofás em Bom Portugues

Fiquei um pouco decepcionado que uma cidade desse tamanho nao tem um encontro semanal do CouchSurfing. Porém, surpreso ao saber que um grupo de pessoas do CS se reúne apenas pra praticar portugués. A idéia entao era ir antes ao Zócalo conferir um pouco do concerto que o Molotov faria de graça durante a manifestaçao organizada pelo próprio governo do D.F. contra a lei do Arizona e depois conferir o encontro CS, mas eu nao esperava que a policia fosse me barrar por levar na mochila uma garrafa de Velho Barreiro que eu fazia questao de levar à posterior reuniao.


Indignado, impedido de entrar na praça onde os mexicanos faziam um protesto contra o impedimento de mexicanos entrarem nos EUA, fui fazer meu protesto silencioso comendo num MacDonalds. Mas o tiro saiu pela culatra. Ainda nao comentei sobre a comida daqui pois estou deixando pra detalhar num próximo post, mas todos sabem da fama do chile mexicano, certo? Pois cheguei bem contente e pedi um menu do dia, ato do qual me arrependi ao dar a primeira mordida no sanduíche adequado à realidade local: MacPollo com guacamole!!!

Desventuras alimentares superadas, tomei o caminho do lugar do encontro. Depois de me perder e levar uma boa chuva no lombo (primeiro dia sem sol forte desde que cheguei) enfim cheguei à casa da Surya, mexicana gente finíssima que ama o Brasil. Impressionante como, depois de beber umas caipirinhas à moda do sul, o portugues dos chilangos melhorou consideravelmente. Tenho que confessar que é muito estranho - pra nao dizer engraçado - ouvir os nativos falando nossa língua, especialmente porque aqui nas universidades, o portugues ensinado é o de portugal, tanto no vocabulário quanto no sotaque. Some-se a isso uma galera tri gente boa e um argentino que é o maior conhecedor de piadas de porteños; resultado: noite de boas gargalhadas!


sábado, 15 de mayo de 2010

Museo Nacional de Antropologia

Sou do tipo que so vai a um museu por um bom motivo. Aí uma coisa que sempre me chamou a atencao na história da colonizaçao hispanica foi o real choque de civilizaçoes. Enquanto que no Brasil os portugueses relativamente nao tiveram muitos problemas em matar algumas tribos isoladas de índios, os espanhóis tiveram guerras reais. Quando eles chegaram no México, havia um império de verdade, com religiao, política, ciencia, história e arte. Só por isso já valia a pena dar um pulo no Museu Nacional de Antropologia, além do que o lugar é muito grande (tá bom, nao é um Louvre, mas nao dá pra ver tudo em menos de 3 dias), de fácil acesso e gratuito pra estudantes.





Já que estava perto do Paseo de la Reforma, fui até lá pra conferir uma feira internacional de nacoes amigas e tirar umas fotos dos monumentos que sao símbolos da cidade: o Anjo da Independencia e a Diana caçadora.


martes, 11 de mayo de 2010

Primeiro Dia

Primeiro dia de aula fora do âmbito universitário é sempre igual, em qualquer lugar do mundo: apresentações e matança de tempo. Pois até isso pode ser legal, acredite! Quando se está num ambiente multicultural, coisas banais como esta ganham outra dimensã: não é todo dia que a gente conhece alguém do Congo, Indonesia ou das Ilhas Guam.